https://www.omundodosvinhos.com/

Compreendendo os solos de granito no vinho

28/03/2022

O granito dá o dobro do trabalho e metade da produção em comparação com o solo de calcário.

Solos de granito são frequentemente associados a regiões vinícolas notáveis como Beaujolais, Northern Rhône e Alsace, mas "a lista pode continuar", diz Evan Goldstein, Master Sommelier e presidente da Full Circle Wine Solutions. Ele cita a Córsega, Sardenha, Espanha, Califórnia, Portugal, África do Sul, Austrália e outras áreas onde os solos à base de granito sustentam alguns dos vinhos mais conhecidos do mundo.
O granito se forma quando o magma resfria sob a crosta terrestre, e sua composição e textura podem variar de acordo com a localização e com o intemperismo. Na região de Maldonado, no Uruguai, por exemplo, os produtores de vinho podem cultivar vinhas em uma antiga rocha de granito. Eduardo Félix, agrônomo da Bodega Garzón do Uruguai, afirma que o "granito desgastado com cerca de três bilhões de anos que permite uma drenagem excelente" é a "arma secreta" de sua equipe.
Essa falta de retenção de água é uma chave fundamental para os produtores que trabalham com solos de granito.
Eddy Faller, co-proprietário da Domaine Weinbach, cultiva Riesling em Grand Cru Schlossberg na Alsácia, França, que é granito puro. Ele relata que a "absoluta pobreza" dos solos de granito contribui para os vinhos acabados porque as vinhas são forçadas a cavar fundo para conseguir o que precisam para sobreviver.

Como a água e outros nutrientes drenam rapidamente no granito, os rendimentos são menores do que em outros solos. Faller acredita que o granito dá o dobro do trabalho e metade da produção em comparação com o solo de calcário. As videiras que crescem em granito competem com as ervas daninhas e as culturas de cobertura por pequenas porções de umidade. "Os vinhedos devem ser mantidos muito limpos, o que é exigente, especialmente quando você cultiva orgânica ou biodinamicamente", acrescenta ele.
Segundo Félix, quando as vinhas formam raízes profundas, consegue-se uma melhor estabilidade da vinha, uma vez que a temperatura e a umidade são mais constantes mais longe da superfície da Terra. "Essas raízes profundas se alimentam de substratos menos férteis", explica ele. "Então, como um todo, proporcionam melhor amadurecimento dos cachos."
Anthony Lynch, gerente de sourcing e diretor de conteúdo da Kermit Lynch Wine Merchant, diz que a drenagem é vantajosa para os produtores que trabalham em condições de chuva porque reduz o risco de apodrecimento e diluição. Os solos graníticos obrigam as vinhas a enviar as suas raízes mais fundo para procurar alimento, o que as torna mais resistentes a condições extremas, como calor e seca.
"Freqüentemente, há uma diferença marcante entre cuvées de videiras jovens e velhas", afirma Lynch, "tanto do ponto de vista da viticultura quanto dos vinhos resultantes".
E qual é o impacto do solo de granito sobre o vinho no copo? "Muitas vezes é como se você pudesse saborear a proximidade das vinhas com a rocha na forma de um grau extra de pureza, precisão e mineralidade", descreve Lynch.
Félix acredita que os vinhos cultivados com granito incorporam "maior tensão e voltagem", enquanto Goldstein destaca seu "brilho e precisão" graças ao pH elevado que promove alta acidez. Ele também credita a essas vinhas de raízes profundas a produção de vinhos de aromas e sabores em camadas. E Faller afirma que o Riesling produzido neste ambiente expressa "verticalidade" e "acidez longa, cinzelada e elegante".

Fonte: Wine Enthusiast

"Todas as informações aqui no nosso "Blog Wine".

Por: Vitor Pereira

https://www.omundodosvinhos.com/